Entenda a importância do olhar pedagógico para a formação continuada de professores e como mapear as necessidades formativas dos docentes conduz o processo de ensino-aprendizagem de forma mais assertiva
A formação continuada de professores é um fator essencial para obter bons resultados dos estudantes. De acordo com estudo liderado pelo economista e professor do Insper, Ricardo Paes de Barros, a formação docente não só faz a diferença, como também é uma das principais causas internas que impactam os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Por isso, para uma busca efetiva pela “educação de qualidade”, é fundamental que a gestão e coordenação pedagógica tenha um olhar acurado para as necessidades formativas dos docentes.
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Mas, primeiro, entenda o que – de fato – significa formação continuada de professores e qual sua relação com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular).
O que é formação continuada de professores?
A educação está em constante transformação, e para acompanhar com maestria cada uma das mudanças, desde o comportamento do aluno em sala de aula às novas metodologias de ensino, é importante investir na formação continuada de professores.
Afinal, têm o papel importante de apoiar o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes, mas, para isso, o docente precisa estar preparado. É como diz o influente educador Paulo Freire:
“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”
Por isso, não tem como falar de educação de qualidade sem se preocupar com a formação continuada de professores, concorda? Para lecionar educação socioemocional, por exemplo, o educador precisa ser capacitado para falar sobre o assunto, bem como manejar as próprias emoções para gerenciar conflitos.
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Qual a relação da BNCC com a formação continuada de professores?
A Base Nacional Comum Curricular, emitida pelo MEC (Ministério da Educação), é o documento que rege a elaboração dos currículos escolares e propostas pedagógicas desde a educação infantil até o ensino médio.
A BNCC é estruturada a partir do contexto atual da educação e de um conjunto de competências e habilidades que se espera que os estudantes desenvolvam ao longo da vida escolar, o que leva às novas metodologias de ensino e implica nas necessidades formativas dos docentes.
É nesse cenário que as propostas de novas normas para a formação continuada de professores avançaram, “com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino oferecido aos estudantes ao mesmo tempo em que valoriza o docente”, de acordo com o MEC.
Em 2020, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação a BNC-FC (Base Nacional Comum para a Formação Continuada), documento pautado no desenvolvimento adequado e atuação do professor em sala de aula. Ele é sustentado por três eixos estruturantes:
- Conhecimento: o professor deve dominar os conteúdos dados em aula e demonstrar conhecimento não só pela matéria lecionada, como também sobre as particularidades de cada aluno, seus processos de aprendizagem e atual contexto educacional.
- Prática: além de demonstrar domínio pelo conteúdo, o docente deve ser capaz de gerenciar o ambiente de aprendizagem, conduzir as práticas pedagógicas, competências e habilidades previstas no currículo, bem como planejar ações de ensino de forma prática e efetiva.
- Engajamento: o professor deve se comprometer com o próprio desenvolvimento profissional e com a aprendizagem de seus alunos. Além disso, é importante que seja engajado com as famílias, colegas e toda a comunidade escolar.
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3 dicas de como mapear as necessidades formativas dos professores
O aprendizado é contínuo, concorda? E, assim como os alunos são diversos e apresentam peculiaridades e necessidades no que se refere à aprendizagem, os docentes também precisam de uma atenção maior da coordenação pedagógica sobre suas habilidades e competências em sala de aula.
Pensando nisso, confira a seguir 3 dicas de como mapear as necessidades formativas para conduzir uma formação continuada de professores efetiva:
1. Avaliação diagnóstica do professor
É importante ter em mente que os docentes também são diversos no que diz respeito à fase de carreira e experiências. No entanto, ainda assim, o professor deve atender e respeitar o modelo pedagógico da instituição em que trabalham.
Para identificar e planejar as formações docentes, o coordenador pode realizar uma avaliação diagnóstica de acordo com as práticas pedagógicas da escola. E para maior efetividade, ela deve ser feita de maneira 360º, ou seja, o professor é avaliado não só pela coordenação, como também pelos seus pares e alunos.
- Quais habilidades o professor domina e quais precisam ser desenvolvidas?
- Como ele interage com a turma em sala de aula e a mantém engajada?
A nota e o desempenho do professor a partir deste diagnóstico vai nortear as necessidades formativas, assim como suas potencialidades e fragilidades.
2. Escuta ativa para a construção de indicadores
Como parte da avaliação diagnóstica, é importante abrir espaço para escuta ativa. O que os professores da instituição pensam sobre a formação continuada e o processo educativo?
O gestor e coordenador pedagógico pode escutar e analisar as perspectivas apresentadas pelo corpo docente para criar planos formativos que façam sentido para o processo de ensino-aprendizagem e também para o professor.
Além disso, oferecer a oportunidade de trocas de experiências entre os docentes também contribui para a formação. Isto é, esse momento de escuta e vivência entre os professores pode abrir espaço para o educador que está no início da carreira aprender com o que já tem uma longa trajetória.
3. Mapeamento da realidade escolar
A formação continuada de professores deve fazer sentido com o contexto atual da instituição e seus alunos. Por isso, além de fazer um diagnóstico das potencialidades e fragilidades do docente, é importante realizar um mapeamento das necessidades da instituição.
A partir do diálogo conjunto, do olhar do gestor, da escuta ativa e das diretrizes da BNCC, o entendimento da realidade e do contexto em que a instituição está inserida é fundamental para refletir sobre a formação continuada de professores.
Por exemplo, as ações de ensino que o professor aplica com os estudantes do ensino médio da escola básica não serão igualmente efetivas para os alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), concorda?
Por isso, gestor e coordenador pedagógico, neste novo ano letivo, tenha um olhar acurado sobre a formação continuada de professores e realize periodicamente avaliações diagnósticas para obter melhores resultados.
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