Por lei, o ensino de História e Cultura africanas e afro-brasileiras é obrigatório nos currículos escolares da educação básica. Entenda a importância de trabalhar a Educação Antirracista nas escolas
É importante ressaltar e compreender que ninguém nasce racista, mas aprende-se. O racismo é estrutural e se nada for feito para desconstruir os estereótipos e paradigmas de que uma pessoa pode ser superior a outra devido a cor da pele, as crianças vão continuar crescendo sob uma ótica de que o outro é culpado porquê é negro.
Há pesquisas, como do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), que apontam que seis em cada dez pessoas (60%) consideram que o Brasil é um país racista. Mais da metade dos brasileiros já presenciou um ato de racismo, mas apenas 11% reconhecem cometer estes atos.
O que é Educação Antirracista?
A verdade é que nem todos compreendem o que é o racismo e de onde ele vem. A Educação Antirracista busca promover esta consciência cultural, desconstruir estereótipos, e confrontar sistemas e estruturas que incitam a violência racial.
Estudar, analisar e implementar ações antirracistas nas práticas pedagógicas desde a primeira infância pode envolver uma reflexão crítica sobre como somos ensinados a olhar para o outro, bem como para políticas públicas, direitos humanos e acesso à educação.
A Educação Antirracista incluída nos currículos escolares podem promover uma perspectiva necessária sobre inclusão e diversidade, estimulando reflexões, debates e outras práticas que enfrentam o comportamento discriminatório dentro e fora da sala de aula.
Afinal, para promover igualdade precisamos respeitar as diferenças, concorda?
O que diz a lei 10.639?
Há 20 anos, a lei 10.639 foi implementada e foi um grande avanço na luta antirracista no Brasil. Todas as escolas de educação básica seriam obrigadas a incluir no currículo escolar o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana desde os Anos Iniciais até o Ensino Médio.
A legislação abre oportunidades para ampliar o conhecimento sobre as relações étnico-raciais e a conscientização cultural. De acordo com a lei:
- O conteúdo programático inclui o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil;
- Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras;
- O calendário escolar inclui o dia 20 de Novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.
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Por que a Educação Antirracista é necessária no ambiente escolar?
Falar sobre racismo e compreendê-lo são formas de combater a violência racial. Desta forma, a Educação Antirracista é uma maneira de desconstruir o ciclo de aprendizado que mencionamos no início deste blog, em que crescemos aprendendo que o outro é culpado pelo simples fato de ser negro.
“As pessoas podem aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, pode-se ensiná-las a aprender a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano que o contrário”.
– Nelson Mandela.
Em resumo, a Educação Antirracista é uma ação necessária por diversos fatores. Entre eles:
- Promoção da igualdade e inclusão;
- Desconstrução de estereótipos;
- Desenvolvimento do pensamento crítico;
- Respeito à diversidade;
- Conscientização social e estímulo da empatia.
“Fala-se muito em empatia, em colocar-se no lugar do outro, mas empatia é uma construção intelectual, ética e política”.
– Djamila Ribeiro, filósofa, acadêmica brasileira e autora do livro “Pequeno Manual Antirracista”.
Todo dia 20 de Novembro é celebrado o “Dia da Consciência Negra”, data instituída para relembrar as lutas contra a opressão provocada pela escravidão. A verdade é que a conscientização e a luta antirracista deve acontecer diariamente, e não apenas em períodos específicos.
O mais importante é que o respeito, a valorização e as práticas antirracistas façam parte do cotidiano de todos nós, desde a primeira infância.
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