Entenda o que é a Cultura Maker, uma das grandes tendências na educação, e qual sua importância para o desenvolvimento das 10 competências propostas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular)
Trabalho em equipe, aprendizagem autônoma e pensamento científico, crítico e criativo são algumas das competências propostas pela atual Base Nacional Comum Curricular, a BNCC. Além disso, essas também são as habilidades estimuladas e desenvolvidas na Cultura Maker.
É fato que a educação está em constante transformação e evolução, especialmente no que se diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem. Incentivar a mentalidade maker nas escolas permite que os alunos – desde a educação infantil ao ensino médio – coloquem a “mão na massa” e tornem-se protagonistas do próprio aprendizado.
Mas, como?
Robótica, marcenaria e modelagem são alguns exemplos de atividades associadas à Cultura Maker e que podem ser aplicadas nas práticas pedagógicas. Por meio delas, o aluno tem a oportunidade de aplicar o conhecimento em situações reais e, assim, exercitar as competências propostas pela BNCC.
O que é BNCC?
A BNCC é um documento de caráter normativo desenvolvido pelo MEC (Ministério da Educação), que estabelece as diretrizes e objetivos gerais da Educação Básica. A Base Nacional Comum Curricular deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino, bem como as propostas pedagógicas na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo o Brasil.
Neste documento, são definidos os conhecimentos, habilidades e competências que os estudantes devem desenvolver ao longo da educação básica.
Quais são as 10 competências gerais propostas pela BNCC?
Segundo a Base Nacional Comum Curricular, para garantir a formação humana integral e contribuir para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, espera-se que os jovens desenvolvam 10 competências gerais:
- Conhecimento
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
- Pensamento científico, crítico e criativo
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
- Repertório Cultural
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
- Comunicação
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
- Cultura Digital
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
- Trabalho e Projeto de Vida
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
- Argumentação
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
- Autoconhecimento e autocuidado
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
- Empatia e Cooperação
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
- Responsabilidade e Cidadania
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Essas competências são essenciais para o desenvolvimento pleno e saudável dos jovens, preparando-os para a vida em sociedade.
De acordo com o documento, a palavra competência “é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”.
Pensando nisso, fica clara a razão para a Cultura Maker ser uma tendência forte e crescente na educação. Afinal, a abordagem de “aprender fazendo” pode estimular a criatividade, resolução de problemas, pensamento crítico e habilidades de trabalho em equipe, assim como propõe as 10 competências gerais da BNCC.
O que é Cultura Maker?
A Cultura Maker, na verdade, surgiu nos Estados Unidos com o objetivo de trabalhar a criatividade, a inovação e o empreendedorismo por meio da experimentação, produção e criação de objetos e projetos, sejam eles eletrônicos ou artesanais.
No Brasil, esta metodologia também vem ganhando força nas escolas de educação básica, pois pode ser uma maneira efetiva de tornar a aprendizagem do aluno mais significativa e relevante.
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Como funciona a Cultura Maker na educação?
A cultura maker na educação vai além do conhecimento teórico e funciona através da integração de atividades práticas de fabricação e criação. Em vez de apenas ouvir aulas teóricas e responder a perguntas em provas, os estudantes são incentivados a colocar sua aprendizagem em ação, criando projetos e resolvendo problemas por conta própria.
Os programas de educação maker geralmente incluem o uso de ferramentas manuais, como serras e martelos, bem como tecnologias digitais avançadas, como impressoras 3D e robôs.
Os alunos aprendem a trabalhar com essas ferramentas e tecnologias de forma segura e responsável para desenvolver soluções criativas para desafios e problemas reais.
A abordagem da Cultura Maker na educação também incentiva a colaboração e o trabalho em equipe. Os alunos são frequentemente divididos em grupos para trabalhar em projetos conjuntos, onde eles podem compartilhar ideias, aprender uns com os outros e trabalhar juntos para atingir um objetivo comum.
Sabendo disso, fica clara a importância da educação maker para o desenvolvimento pleno do estudante. Por meio dela, os jovens são capazes de desenvolver:
- Pensamento crítico e reflexivo: capacidade de analisar informações e situações, identificar problemas e desenvolver soluções.
- Comunicação: habilidade de se comunicar de forma clara e eficaz em diferentes situações e contextos.
- Trabalho em equipe: capacidade de trabalhar com outras pessoas, respeitando as diferenças e buscando soluções coletivas.
- Solução de problemas: habilidade de identificar problemas, buscar informações, avaliar alternativas e tomar decisões.
- Criatividade: capacidade de pensar fora da caixa e criar soluções inovadoras.
- Inovação: habilidade de aplicar conhecimentos e habilidades de forma criativa para resolver problemas e criar soluções inovadoras.
- Ética e cidadania: conhecimento dos valores éticos e sociais que regem a sociedade e a capacidade de agir de acordo com eles.
- Autonomia e responsabilidade: capacidade de tomar decisões e agir de forma autônoma e responsável.
- Aprendizagem autônoma: habilidade de buscar e aplicar conhecimentos de forma autônoma e contínua.
- Cultura digital: compreensão da natureza e do funcionamento da computação, bem como habilidade para programar e usar tecnologias digitais de forma crítica e reflexiva.
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