Na Educação Infantil não são poucos os desafios existentes, visto que também não são poucas as concepções básicas da vida que estão sendo aprendidas e assimiladas pelas crianças. Sabe-se, por exemplo, que a noção de tempo e os conceitos de passado e futuro são desconhecidos para os pequenos: eles vivem o presente, o “agora”, o que justifica a impaciência quando há necessidade de esperar para fazer algo.
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A orientação temporal é adquirida justamente com o tempo, e cabe aos educadores facilitar esse processo. Os principais benefícios para os pequenos, nesse sentido, estão relacionados à compreensão deles quanto à organização do seu dia a dia e, também, quanto ao desenvolvimento dos seus hábitos cotidianos.
É conforme amadurecem que as crianças passam a entender que existem organizações culturais, criadas pelos humanos, que distinguem “tempo longo” de “tempo curto” — a diferença entre uma hora e um minuto, por exemplo; e que definem períodos temporais — dias, semanas, meses, anos e estações do ano. Elas aprendem, ainda, uma das mais importantes características do tempo: o caráter irreversível dele — ou seja, o que já foi vivido não volta mais.
Uma forma de ilustrar esta última colocação é nos aniversários — explicando ao pequeno que, agora, ele tem cinco anos, mas que em tantos meses já fará seis, e que não voltará mais para os quatro anos, por exemplo. Aliás, entender que as pessoas crescem e envelhecem também é uma forma de ensinar sobre o tempo e os ciclos que nele existem.
Tudo isso torna-se fundamental para que os jovens aprendizes da educação infantil assimilem a existência da chamada sequência de fatos, bem como do ontem e do amanhã e, também, compreendam melhor a rotina em que vivem — como a hora de comer, de dormir, de brincar, de tomar banho e de ir para a escola.
Mas, como trabalhar as noções de tempo na escola, especificamente na Educação Infantil?
É importante que os educadores tenham em mente que o processo de orientação temporal acontece por partes. Ela começa a ser desenvolvida com a percepção do dia e da noite — claro e escuro. Em seguida, vem a associação do tempo com a rotina e os hábitos cotidianos — café da manhã, almoço e jantar, por exemplo.
Mais tarde, vemo aprendizado em sequências, em que os pequenos desenvolvem a noção da passagem do tempo, e começam a compreender os conceitos de “antes” e “depois”. Por fim, com a experiência educativa e a aquisição linguística, eles aprendem sobre mensuração de tempo e as partes que o compõe, como segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses; e, conforme aprendem a reconhecer e compreender os números e as sequências numéricas, bem como relacioná-los com os acontecimentos cotidianos, adquirem a capacidade de dizer as horas, bem como em que dia, mês e ano estão.
Existem, porém, algumas práticas capazes de facilitar a missão dos professores de Educação Infantil em desenvolver com os pequenos a orientação temporal. Entre elas, estão:
Usar a rotina como aliada
Primeiro, é preciso estabelecer uma rotina escolar — horários de entrada e de saída da escola, hora do lanche, das brincadeiras em sala de aula e no pátio, dentre outras atividades que sejam praticadas.
Depois, é importante usar essa rotina, bem como a rotina da criança em casa, como ferramenta nas rodas de conversa. Crie o hábito de fazer perguntas aos pequenos a respeito do dia a dia deles: que horas é entrada no colégio, por exemplo, ou o que vai acontecer primeiro, a hora do lanche ou a hora da saída; também pergunte o que eles fizeram ontem e o que vão fazer amanhã, dentre outras questões relacionadas aos hábitos diários.
Utilizar uma linguagem precisa
Quando se está falando de tempo com os pequenos da educação infantil, é importante trabalhar a exatidão e a clareza. Em um primeiro momento, é melhor evitar expressões como “em breve”, “logo, logo”, “já, já”, visto que as crianças não sabem o quanto de tempo isso significa. Prefira usar os números — daqui um minuto, ou cinco, por exemplo.
Mas, fique atento: se você disser que daqui um minuto todos irão sair para o pátio, certifique-se de que este seja realmente um minuto, e não cinco ou dez — isso é importante para não confundir as crianças.
Vale ressaltar que, entendendo o que é um minuto, cinco minutos, ou uma hora, os pequenos também vão aprendendo a distinguir o que é “muito tempo” e o que é “pouco tempo”, dentre outros conceitos.
Tenha, em sala de aula, ferramentas que fazem referência ao tempo
Ferramentas ilustrativas, como o relógio e o calendário, são uma forma de proporcionar às crianças que “vejam” a passagem do tempo acontecendo. Isso facilita a compreensão e assimilação dos conceitos de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos.
Usar a natureza como aliada
Outra boa prática nesse sentido é a plantação, o cultivo, e suas etapas — seja de uma horta, apenas de um pé de feijão, ou de uma árvore. Esta também é uma boa forma de ilustrar a passagem temporal.
Quanto tempo demora para que um pé de feijão se desenvolva e esteja pronto para que seja colhido? Bem menos que o tempo que uma árvore demora para crescer, e associações como essas podem ser eficientes para trabalhar com os pequenos noções de períodos temporais.
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